EPIFANIA: O Fracasso da Linguagem

Crédito da frase: Maurício de Novais Reis

1. Quando o analisando “tropeça” nas palavras, evita determinadas expressões ou sente-se desconfortável diante dos “neologismos” formulados não intencionalmente durante a sessão analítica, a análise avança um passo.




2. Quando o analisando percebe que algo “perfurou” o sentido desejado de suas palavras, buscando explicitá-las mais detidamente ao analista de maneira a evitar dúvidas quanto ao sentido originalmente [e conscientemente] intencionado, a análise avança mais um passo.

3. Quando o analisando “interpreta” um provável sentido oculto na sua narrativa, como uma espécie de epifania que “lança luz” sobre o seu entendimento a respeito do assunto, a análise avança outro passo.

4. Quando o ato falho surge, tornando as certezas do analisando em interrogações e fazendo-o “cavar mais fundo” o sentido inesperado da expressão (in)surgida, a análise avança mais um passo.

5. Quando o analisando duvida de si mesmo e das suas “boas intenções” diante da vida, a análise avança outro passo.

E assim, a análise avança paulatinamente, passo-a-passo, rumo à travessia da fantasia. Isso explica porque o tratamento psicanalítico costuma ser duradouro e doloroso para o sujeito.

Na perspectiva do inconsciente, o ato falho é um ato exitoso. Afinal, é no fracasso da linguagem que reside o sucesso da análise.

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